sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Sarjetas Capitalistas


Não, não é ficção científica. Essas coisas ainda acontecem por aqui. Temos uma sociedade capitalista que infelizmente se acostumou a enxergar as misérias humanas escancaradas nas sarjetas da cidade. Nas ruas de São Paulo, uma menina de aproximadamente oito anos, se tornou invisível. Todo mundo a olhava, mas era como se ela não existisse. Todo dia às 6 da manhã quando eu passava, ela já estava no farol. Estendia a sua pequena mão, com uma voz cansada e uma educação pouco vista hoje em dia, ela olhava e pedia um trocado. Em alguns momentos a pequena garota tentava ver se alguém estava mesmo dentro do carro, se alguém conseguia vê-la através daquelas janelas escurecidas pelo insulfilm. O farol abria, e ela retornava a calçada. Novamente o farol fechava, e ela voltava a pedir. Era como se fosse uma dança, com passos ensaiados, no silencio infortúnio, sem alegria. Algumas pessoas nem se quer abriam os vidros para dizer não, outras juntavam as moedas e entregavam por uma frestinha na janela, mas nem olhavam para a menina. Era como se as pessoas fossem obrigadas a dar aquele trocado. Alguns nem percebiam que ali estava uma criança, na rua, passando fome, e humilhação. Em certo momento, um dos carros abaixou o vidro, o rapaz se dirigiu a garota, disse poucas palavras, lhe deu algumas moedas e foi embora. Naquele momento, a pequena menina sorriu radiante, e foi saltitando para a calçada. As pessoas que estavam ali ficaram sem entender, afinal ela já havia ganho algumas moedas e não tinha ficado tão feliz. Nesse momento vi o quanto foi importante pra ela ouvir daquele rapaz aquelas pequenas e rápidas palavras, o quanto ela se sentiu bem em saber que alguém conseguia vê-la através daqueles vidros escuros. Percebi que o importante não é dar alguns trocados. Dinheiro não traz felicidade. É preciso olhar pra elas e sentir junto com elas. É preciso ‘colocar óculos em toda humanidade’.

8 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns Nathy o texto está ótimo de verdade, um olhar mais realista sobre o conteúdo!
O Quinhentos e tantos cegos , vai ser um sucesso.

Losho futura jornalista!
ai vamos nóoos!

beijos

Anônimo disse...

Demais...

Paz!

Anônimo disse...

Amei Nathy .. esse blog promete!

beijim

Anônimo disse...

edliadorei menine, mto válido!
dik!

beijoo

Anônimo disse...

Parabéns.

Maravilhoso falar sobre a cegueira cotidiana, suas diatribes e todos os seus esquecidos.

Mas também é muito importante suscitar o debate que leva em conta, as situações históricas que levaram a sociedade a agir de forma tão enfadonha, com aquilo que doi aos olhos. A mesma cegueira que minou a revolução francesa, que ergueu silenciosamente o movimento ariano na europa, e acabou com o ideal comunista no mundo inteiro. E é um processo natural do ser humano. Até o proprio debate da questão do aborto tem mais a ver com esta cegueira do que a gente imagina.

Tem muito debate aí pra rolar, muito sucesso pra vocês

Pedro Versolato

Palavras e Pensamentos disse...

Nathy fiquei muito curioso em saber as palavras que o homem disse à pequena garota!!
" Se toda humanidade ouvisse as mesmas palavras, abririamos um sorriso sincero e viveriamos melhor".

Beijos Ivan

Palavras e Pensamentos disse...

Nathy.. entra no nosso blog!!!!
www.ondemoraminhahistoria@blogspot.com

Anônimo disse...

Me identifiquei muito com o texto. Ficou muito bom!